A Cidade Perdida de Atlântida na África? O Olho do Saara Pode Ser a Resposta

Desde que me lembro, sou fascinado por mistérios antigos. Histórias de civilizações perdidas, tesouros escondidos e lendas que desafiam o tempo sempre capturaram a minha imaginação. E, claro, nenhuma lenda é mais cativante do que a de Atlântida. Durante anos, imaginei, como você provavelmente também, uma cidade magnífica submersa nas profundezas do Oceano Atlântico. Era o cenário clássico, alimentado por livros e filmes, de uma tragédia épica sob as ondas. Essa imagem estava tão enraizada em mim que nunca pensei em procurar em outro lugar.

Imagine a minha surpresa quando me deparei com uma teoria que vira completamente essa noção de cabeça para baixo. E se Atlântida não estivesse no fundo do mar, mas sim escondida à vista de todos, no meio de um dos maiores desertos do mundo? A ideia parece saída de um filme de aventura, mas é apoiada por evidências visuais tão impressionantes que é impossível ignorá-las. Estamos a falar de uma formação geológica na Mauritânia, África, que corresponde de forma assustadora à descrição que Platão nos deixou há mais de dois milénios. Junte-se a mim nesta viagem enquanto exploramos se o “Olho do Saara” pode ser o verdadeiro local da cidade perdida.

Pontos principais

  • Uma teoria controversa sugere que a Estrutura de Richat, conhecida como o “Olho do Saara” na Mauritânia, pode ser a localização da lendária cidade de Atlântida.
  • As semelhanças visuais entre a estrutura geológica e a descrição de Platão de uma capital com anéis concêntricos de terra e água são o principal pilar desta hipótese.
  • A comunidade científica explica a Estrutura de Richat como um domo geológico natural com 100 milhões de anos, erodido ao longo do tempo, sem evidências de construção humana.
  • Apesar das coincidências intrigantes, a falta de provas arqueológicas de uma civilização avançada no local é o maior obstáculo para a aceitação da teoria.

O Elo Perdido: Apresentando a Estrutura de Richat

No coração do Deserto do Saara, no oeste da Mauritânia, existe uma formação tão espetacular que parece pertencer a outro mundo. Conhecida oficialmente como Estrutura de Richat, mas apelidada poeticamente de “Olho do Saara”, esta maravilha geológica é um conjunto de anéis concêntricos quase perfeitos que se estendem por 40 quilómetros de diâmetro. Durante muito tempo, a sua existência passou despercebida pela maioria da humanidade, mas com o advento da era espacial, os astronautas a bordo de missões como a Gemini ficaram hipnotizados pela sua aparência, tornando-a um ponto de referência icónico visto da órbita terrestre. A sua perfeição circular levou inicialmente os cientistas a acreditar que se tratava de uma cratera de impacto de um meteorito colossal.

No entanto, investigações mais aprofundadas revelaram uma história geológica ainda mais fascinante. Hoje, o consenso científico é que o Olho do Saara é um “domo geológico” que nunca chegou a ser um vulcão. Ao longo de 100 milhões de anos, rocha derretida empurrou as camadas de crosta para cima e, com o tempo, a erosão causada pelo vento e pela água esculpiu as camadas superiores, revelando os anéis que vemos hoje. É uma obra de arte da natureza, esculpida ao longo de éons. Mas é precisamente a sua forma única que acendeu a imaginação de historiadores amadores e entusiastas de mistérios, que viram nela um eco direto das palavras de Platão.

Comparando as Pistas: Platão vs. O Olho do Saara

A parte mais emocionante desta investigação é quando colocamos os textos antigos lado a lado com as imagens de satélite modernas. É aqui que a teoria ganha vida e nos faz questionar tudo o que pensávamos saber. Os diálogos “Timeu” e “Crítias” de Platão não são apenas textos filosóficos; eles contêm descrições incrivelmente detalhadas da capital de Atlântida. Quando você lê essas descrições e depois olha para a Estrutura de Richat, as coincidências são, no mínimo, arrepiantes. Vamos mergulhar nos detalhes e ver como as peças se encaixam, ponto por ponto.

Anéis Concêntricos de Terra e Água

Platão descreveu a metrópole de Atlântida como sendo composta por anéis alternados de terra e água: dois de terra e três de água, criados pelo deus Poseidon. Agora, olhe para o Olho do Saara. Vemos uma série de cumes rochosos circulares (os anéis de terra) separados por depressões (que poderiam ter sido os canais de água). Os proponentes da teoria argumentam que, numa época em que o Saara era verde e fértil, estas depressões estariam cheias de água, recriando perfeitamente a cidade descrita por Platão. A semelhança visual é o argumento mais forte e o ponto de partida para toda a teoria.

Dimensões e Medidas

Os detalhes que Platão forneceu são surpreendentemente específicos, incluindo as dimensões da cidade. Ele afirmou que o canal central tinha um diâmetro de 127 estádios. Convertendo esta medida antiga para os padrões modernos, chegamos a aproximadamente 23,5 quilómetros. Embora o diâmetro total da Estrutura de Richat seja muito maior, cerca de 40 quilómetros, os seus anéis internos correspondem de forma impressionante a esta medida. Os defensores da teoria sugerem que Platão pode ter-se referido apenas à parte central da cidade, o que tornaria a correspondência quase exata. É uma coincidência matemática difícil de ignorar.

Acesso ao Mar e Montanhas Protetoras

A história continua. Platão mencionou que a cidade tinha uma grande abertura para o sul, através de um canal que a ligava ao mar. As imagens de satélite e os estudos topográficos da Estrutura de Richat mostram o que parecem ser os leitos de rios antigos que fluem para sul, na direção do Oceano Atlântico. Além disso, Platão escreveu que a cidade era protegida a norte por altas montanhas que a abrigavam dos ventos frios. Se você olhar para um mapa, a norte da Estrutura de Richat encontram-se, de facto, as Montanhas Atlas, que se encaixam perfeitamente nesta descrição geográfica.

Recursos Naturais e Vida Selvagem

A descrição de Platão não se limitava à geografia; ele também falou da abundância de recursos de Atlântida. Ele mencionou que a ilha era rica em minérios, como ouro e cobre, e que tinha uma grande população de elefantes. A região da Mauritânia onde o Olho do Saara está localizado é conhecida pela sua riqueza mineral, e o continente africano é, claro, o lar histórico dos elefantes. Durante o Período Húmido Africano, há milhares de anos, esta área teria sido uma savana exuberante, capaz de sustentar uma grande variedade de vida selvagem, incluindo os paquidermes mencionados no relato antigo.

O Veredito da Ciência: Facto Geológico ou Cidade Perdida?

Apesar de todas estas correspondências fascinantes, é aqui que temos de colocar o nosso chapéu de cético e ouvir o que a comunidade científica e arqueológica tem a dizer. Para a maioria dos especialistas, a história de Atlântida é vista como uma alegoria, uma fábula criada por Platão para discutir conceitos filosóficos sobre poder, corrupção e a sociedade ideal. Eles argumentam que procurar uma localização literal para uma história mítica é um erro de interpretação. No entanto, vamos analisar os argumentos científicos contra a teoria do Richat, que são bastante robustos e merecem a nossa atenção.

A Questão da Idade Geológica

O primeiro grande obstáculo é a idade. A geologia é clara: a Estrutura de Richat formou-se ao longo de um período que terminou há cerca de 100 milhões de anos. Por outro lado, Platão situa a destruição de Atlântida por volta de 9.600 a.C., o que nos leva a apenas 11.600 anos atrás. Esta discrepância de quase 100 milhões de anos é um problema significativo. Os geólogos confirmam que a estrutura é inteiramente natural, resultado de processos de elevação e erosão, sem qualquer sinal de intervenção artificial ou da engenharia em grande escala necessária para construir uma metrópole como a descrita.

A Ausência Crítica de Evidências Arqueológicas

Talvez o argumento mais forte contra a teoria seja a completa falta de provas arqueológicas. Uma civilização avançada, capaz de construir uma capital tão complexa, deixaria para trás um rasto inconfundível: ruínas de edifícios, cerâmica, ferramentas, obras de arte e locais de sepultamento. Embora tenham sido encontrados na área artefactos da Idade da Pedra, como machados de mão, estes pertencem a culturas de caçadores-coletores muito mais antigas e simples. Não há absolutamente nenhum vestígio de uma cidade-estado sofisticada, o que torna a hipótese de Atlântida no local extremamente improvável para os arqueólogos.

Contradições Geográficas no Texto de Platão

Finalmente, existem contradições no próprio texto de Platão que desafiam a localização africana. Platão afirmou explicitamente que Atlântida estava localizada “para lá das Colunas de Hércules” (o Estreito de Gibraltar) e que era uma ilha “maior que a Líbia [África] e a Ásia juntas”. A Estrutura de Richat, embora a oeste do Estreito de Gibraltar, está firmemente dentro do continente africano, não sendo uma ilha e certamente não sendo maior que a África e a Ásia. Os céticos argumentam que os proponentes da teoria escolhem as partes do texto que se encaixam e ignoram as que não se encaixam.

Considerações finais

Então, onde é que isto nos deixa? Por um lado, temos uma série de coincidências visuais e geográficas tão perfeitas que parecem desafiar a mera casualidade. Por outro, temos um consenso científico sólido que oferece uma explicação natural para a estrutura e aponta para uma ausência total de provas arqueológicas. Pessoalmente, acredito que a beleza desta teoria não reside em provar que está certa ou errada, mas sim no facto de nos fazer olhar para o nosso mundo com novos olhos. Ela nos lembra que o nosso planeta ainda está cheio de maravilhas e segredos por desvendar.

A Estrutura de Richat é, por si só, uma das paisagens mais espetaculares da Terra, uma verdadeira maravilha do mundo natural. A sua ligação com a lenda de Atlântida, seja ela factual ou pura fantasia, apenas aumenta o seu mistério e fascínio. Talvez uma civilização antiga tenha realmente visto a sua forma única e decidido estabelecer-se lá, ou talvez seja apenas um capricho da geologia. Até que surja uma prova irrefutável das areias do Saara, o debate continuará, mantendo viva a chama de uma das maiores lendas da humanidade. E você, o que acha? Deixe a sua opinião nos comentários!

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